Álbum que John Lennon autografou para o seu assassino horas antes de ser morto está à venda

Por volta das 16h00m de 08.12.1980 John Lennon e Yoko Ono raiaram à calçada do Edifício Dakota, onde moravam, em Nova York.

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O fotógrafo Paul Goresh aproximou-se do casal e antes que falasse algo um rapaz estendeu a Lennon o álbum “Double Fantasy”, o mais recente trabalho do ex-Beatle em parceria com Yoko. “Quer que eu autografe?” Perguntou Lennon. O rapaz aquiesceu com a cabeça.

> Pela manhã

No final daquela manhã, Paul Goresh chegou ao Dakota e avistou um jovem, com o “Double Fantasy” na mão, que lhe perguntou se iria esperar Lennon.

Goresh aquiesceu. O rapaz apresentou-se: “Meu nome é Mark, eu vim do Havaí pedir a Lennon que autografe o meu álbum”.

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Quando Lennon recebeu o álbum das mãos de Mark, Goresh fotografou. Mark Chapman recebeu o álbum de volta e encostou-se na parede do Dakota. Goresh deu carona a Lennon e Yoko até o estúdio, onde os deixou por volta das 17h00m.

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> Rumo à morte

Lennon e Yoko saíram do estúdio por volta das 22h00m e chegaram ao Dakota por volta de 22h45m.

Quando Lennon saiu do táxi e entrava no Dakota, Mark Chapman desprezou o álbum, autografado horas antes, no canteiro de flores e chamou: “Mr. Lennon!”. Lennon não chegou a virar: Mark Chapman disparou-lhe cinco tiros às costas. Quatro atingiram o alvo.

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> A agonia

Atingido, Lennon cambaleou ao hall do Dakota e subiu as escadas do portal. No vestíbulo, a força que o conduzira se finou e ele caiu.

Jay Hastings, o porteiro, correu quando Yoko adentrava aos gritos: “Atiraram em John!”. Hastings ativou o alarme e aproximou-se de Lennon: ao ver que ele jazia, institivamente tirou-lhe os óculos, despiu-se da jaqueta que vestia e lhe cobriu o corpo.

> Você fez isso!?

Eram 22h50m quando os policiais Steve Spiro e Peter Collin chegaram ao edifício. Um dos porteiros apontou Mark Chapman aos policiais. Spiro virou-se e viu Chapman com as mãos para cima. Deu-lhe ordem de prisão. O porteiro confidenciou: “ele atirou em John Lennon”. Spiro tomou um choque e bradou a Chapman: “Você fez isso!!?”.

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> No Roosevelt Hospital

A equipe de emergência do Dr. Stephan Lynn, do Roosevelt Hospital, terminava de atender um acidentado quando dois policiais romperam a sala carregando um homem banhado em sangue.

A equipe fazia os procedimentos de ressuscitação quando a enfermeira viu a identificação do corpo, mas duvidou. O Dr. Lynn saiu para pegar algo e ouviu o desconsolo de um dos policiais: “Meu Deus, como pode... John Lennon...”. Quando Lynn voltou à sala a sua equipe fazia o trabalho sem controlar o pranto. Uma das enfermeiras soluçava encostada à parede. 

> Balas explosivas

As balas disparadas por Chapman eram explosivas e uma delas atingiu a aorta de Lennon: as tentativas de alimentar-lhe a circulação falhavam, pois a aorta e demais veias de irrigação foram destruídas com a explosão do projetil. Às 23h15m de 8.12.1980, o Dr. Stephan Lynn declarou John Lennon morto.

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> O destino do álbum autografado para o assassino

Pela manhã, no meio da multidão que se fez em frente ao Dakota, um fã, até hoje incógnito, avistou o vinil entre as flores do canteiro e apanhou-o. O álbum foi um dos elementos de prova contra Chapman, pois nele foram constatadas as suas impressões digitais.

No final do julgamento a Justiça de Nova York decidiu que deveria devolver o álbum a quem o encontrou, que o manteve por 19 anos até que, em 1999, decidiu vende-lo através da “Moments in Time”. O álbum foi vendido por US$ 525 mil.

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> Álbum está novamente à venda

Conto essas reminiscências porque acabo de ler que o álbum “Double Fantasy”, que Lennon autografou para o próprio assassino, está novamente à venda pelo “Moments in Time”. O atual proprietário também preferiu se manter anônimo.

Especula-se que o preço atual do álbum alcance mais de US$ 1 milhão.

> Para herdar a fama

Em 1992, na prisão de  Wende, no Estado de Nova York, onde cumpre pena de prisão perpétua, Mark Chapman concedeu uma entrevista ao ABC News. Ao responder à pergunta “Por que você matou Lennon?”, ele respondeu: “Achei que ao matá-lo ficaria tão famoso quanto ele.”.

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