A caixa preta do transporte público. Brasil tem uma das mais caras tarifas do mundo

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Enquanto os vereadores de São Paulo ensaiam uma CPI dos Transportes, o Tribunal de Contas dos Municípios do Rio de Janeiro se confessa incapaz de abrir  a caixa preta das tarifas de transporte público na cidade maravilhosa.

O conselheiro Antônio Moraes sugeriu o arquivamento de um processo que investiga as concessões de ônibus no Rio, mas os demais conselheiros, escaldados com os coquetéis molotov dos braços incendiários do “Levante de Junho”, indeferiram o pedido resolveram tentar mais um pouco.

Não tenho razões para crer que a caixa preta seja aberta, pois o efeito dominó pelo Brasil afora não deixaria ônibus sobre ônibus. O sistema se protege e a caixa continuará lacrada.

> Brasil tem uma das tarifas de transporte público mais caras do mundo

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A propósito, na postagem “Passagem Belém-Camará-Belém aumentou 40% de dezembro de 2012 até junho de 2013”, um comentarista, talvez achando que eu não estudo o que escrevo, afirmou que transporte de qualidade tem que ser caro e que o Brasil tinha uma das menores tarifas do mundo.

São falsas as duas asserções: o Brasil tem um dos transportes públicos de pior qualidade dentre os países de perfil assemelhado e cobra uma das mais caras tarifas até mesmo dentre os países que oferecem os serviços com qualidade muito superior.

Não é possível comparar preços entre países de forma absoluta, pois isso transformaria qualquer similitude em um sofisma, portanto, a OCDE e o UBS, para erigir uma tabela de como as tarifas de transportes públicos afetam o assalariado, usaram o método de dolarizar o salário mínimo de cada país e quantificar o quanto a tarifa pesa no respectivo salário. Para a quantificação foi considerado que o assalariado vá, e volte, por 20 dias ao emprego.

O péssimo transporte público brasileiro, pesando 16,95% no salário mínimo nacional, está no topo da tabela dentre 22 importantes capitais do mundo:

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Para sair da incômoda posição acima o Brasil tem duas opções: ou baixa as tarifas ou quintuplica o salario mínimo.

Comentários

  1. Parsifal

    Levantei esta questão à alguns posts atrás. Agora esperar que os que tão ganhando apresentem a planilha é muita ingenuidade, porém qualquer técnico especialista em transporte urbano tem como definir o valor da tarifa uma vez que os preços que a compõe são de domínio público. Agora o que vem ficando ao longo do caminho não dá para mensurar. É cumulativo. O que realmente falta é vontade política para resolver.

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    1. É o que eu afirmo. Ninguém quer abrir a caixa e todos a querem fechado a sete chaves, pois se for abrir mesmo vai se chegar a conclusão que, no caso de SP, por exemplo, a tarifa poderia ser R$ 2,0.

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  2. Francisco Márcio05/07/2013, 16:17

    Deputado, não sou empresário do ramo de transportes, não tenho amigos nesse segmento, portanto faço perorações sem interesse na causa. Mas não posso deixar de dar o meu singelo pitaco. Até pode ser razoável suas ponderações, entretanto, na sua condição atual é muito fácil apontar o que pode e o que não pode ser feito, afinal Vossa Excelência ( segundo suas próprias palavras)recebe anualmente e trabalha somente o equivalente a 3 meses, bancado pela generosa viúva.
    Quero ver é apontar a panacéia encarando: Justiça do Trabalho, Sindicatos, Folha de pagamento e etc...
    Sem um acurado estudo (reconheço, o serviço é péssimo)qualquer ponderação é mera demagogia.
    Mas lhe entendo, 2014 avizinha-se...Parsifal para deputado Federal Nº 15_ _.

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    1. Voltamos ao nosso velho problema de interpretação. Eu não afirmei que um deputado trabalha apenas 3 meses no ano. A Alepa reúne durante 10 meses do ano, com um recesso em dezembro e um em julho. Os três meses sou eu que sugiro em uma reforma do sistema político e que o deputado estadual só receba os meses trabalhados.
      Quanto aos empresários, eis o porquê de eu viver às turras com eles: lhes digo sempre que com eles reúno que eles sonegam, exploram, desviam dinheiro da empresa para contas particulares e se pudessem o erário pagaria até as suas respectivas folhas.
      Os de transporte público são os piores: todas as tarifas estão, já considerando todos os considerandos que você coloca, e isso tudo está nas planilhas que eles apresentam, e a maioria não paga o integral, pois suborna fiscais para se locupletarem, e sobre isso há, 100% de lucro. Com 50% eles subornam quem querem e os outros 50% eles desviam da empresa para viverem nababescamente, por isso as frotas envelhecem e eles compram outra sem IPI e com redução de ICMS, ainda financiado a juros subsidiados. Se você conhecer algum que more em Belém me passe o endereço.
      Nunca fiz, não faço e jamais farei demagogia e nem faço discursos para agradar ninguém: não é o meu estilo e não preciso fazer isso. Vota em mim quem quer e quem simpatiza como eu sou. Se eu fosse chegado a demagogia ou fizesse tudo por uma candidatura, eu estaria agradando os empresários de transportes públicos, que são os maiores financiadores de campanha e poderiam me alugar a tribuna para labutar em favor deles. Ou você acha que os aumentos de tarifas no ano imediatamente após as eleições é coincidência?
      Não me meça por régua sua. Eu tenho a minha própria e não aumento e nem diminuo a metragem por causa de voto.

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    2. Por que será que o velho guerreiro Chacrinha dizia "Como vai vai bem, veio a pé ou veio de trem"? Porque de ônibus era impossível seu auditório ou seus calouros poderem usar!

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  3. O fato de a tarifa ser a mais alta, por si só, não significa nada porque é preciso levar em consideração os custos. Afinal, se os custos do transporte forem os mais altos, não tem nada de absurdo o valor das tarifas. A questão mais precisa é: o lucro é o mais alto do mundo?

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    1. Não está aí se tratando de custos, pois esses, em qualquer país que exercita algo que temos buscado no Brasil, que é a justiça social, quando não podem ser cobertos pelo valor de face da tarifa, são subsidiados até que o preço da tarifa chegue a um valor que não pese mais de 10% sobre o menor salário do país. Não há como fazer justiça social sem fazer transferência de renda, direta ou indireta e o subsídio é uma forma de transferir renda na proporção em que ele diminui custo de composição do preço.
      Mas mesmo em se considerando custo absoluto, cai por terra a sua sugestão: os custo de fazer metrô em Nova York é o dobro do custo de S. Paulo, quando se dolariza a unidade de preço, pois lá, assim como em todos os países elencados, o menor salário é o 4 vezes maior que o mínimo do Brasil. Se tomarmos Sydney como contingência de custos, veremos que o menor salário na Austrália é 7 vezes maior que o mínimo brasileiro, portanto, em se considerando que a operação do transporte público tem 40% do seu custeio com pessoal, veremos que os custos alhures são muito mais altos que aqui.
      Se tomarmos o custo de implantação como base a coisa degringola: não há parâmetro algum de comparação com o transporte público de Tóquio, Bruxelas, Paris ou Seul, com as pocilgas brasileiras. O sistema de transporte público de Londres, por exemplo, é usado pelo primeiro ministro quando ele vai ao aeroporto, não porque ele queira fazer demagogia, coisa que não existe nas democracias maduras, mas porque ele chega mais rápido e com conforto similar que teria no seu carro oficial: ele entre no metrô na porta de Downing Street, a sede do governo inglês, e salta no terminal do aeroporto onde ele tomará o voo, em 20 minutos, coisa que ele levaria 2 horas para fazer de carro.
      Asseguro-lhe, não há desculpa, ou justificativa que caiba para o transporte brasileiro ser o que é cobrando o preço que cobra. Se abrir a caixa não fica ninguém inteiro e por isso ela permanecerá fechada.
      É o lucro mais alto do mundo sim. Você conhece algum proprietário de concessão de transporte público em larga escala que não esteja bilionário? Se conhecer, apresente-me, e eu darei uma medalha de honra ao mérito a ele.

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  4. Francisco Marcio05/07/2013, 21:01

    O problema de interpretação não é meu. Eu não disse que Sua Excelência trabalha só 3 meses, o que falei e repito é: que o seu laborioso trabalho é equivalente a 3 meses, ou seja, seus 10 meses de exaustivo trabalho, eqüivalem-se a 3.
    Aproveitando a deixa e o "levante de junho" ( um ótimo termo de sua criação ), sugiro que Vossa Excelência devolva aos cofres estaduais, desde logo, a remuneração que considera ser demasiada, iniciando assim, com um belo exemplo a propagada reforma do sistema político. Nós, os plebeus agradeceremos.
    Quanto ao achar... confesso sou um plebeu desaventurado, nao acho nada.
    Em arremate, longe de mim lhe medir, não tenho e nem quero essa habilidade.

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    1. Você não tem a habilidade de medir e nem o desinteresse de fazê-lo, pois, compulsivamente, desdiz o “longe de medir” e, novamente, lança mão de uma régua cujos traços são só seus: na sua métrica, os meus 10 meses de laborioso trabalho parlamentar se resumem a três meses. Pronto: está medido. E, de fato, sem habilidade alguma.
      É como se alguém que não conhece o seu trabalho, jamais lhe acompanhou nele, desconhece-lhe os resultados e, tomando por medida o mais relapso servidor da empresa, passa a medir você. Ou seja, esse alguém construiu uma trena que não lhe cabe, mas ao insistir em lhe medir com ela, entregará um resultado equivocado ao compasso, o que resulta em total inabilidade na medição.
      Mas essa reserva é absolutamente normal com os políticos: a surpresa seria a habilidade. Portanto, nada a reparar na sua conduta.
      Quanto a devolver o que me foi remunerado, a espécie humana, e principalmente os políticos, que são uma sub (alguns se consideram super) espécie à parte, jamais teve a atitude de se constituir em indébito, pois a partir do momento em que insere bens no seu patrimônio, isso passa a ser parte do seu superego. Isso é uma fundamentação marxista na elaboração da lei da mais valia, por isso Marx propunha, juntamente com Engels, a ausência de patrimônio individual, o que atiça a cobiça inerente ao ser humano. Pegaram isso e transforam em uma ideologia que se chamou comunismo, que não resistiu exatamente à cobiça inerente ao ser humano.
      Portanto, não espere de mim, e nem de você mesmo, tal atitude. A reforma política é necessária para diminuir os custos da República com o sistema político, mas devolver a remuneração recebida é uma quimera tão distante que só é possível a proposição quando medida com réguas equivocadas.
      E não se subestime: você não é um plebeu desventurado. Plebeus desventurados ainda não têm acesso às mídias sociais. E não é possível que você não ache nada: só aqui nesse blog você já achou muita coisa.

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    2. Francisco Marcio05/07/2013, 22:14

      Ínclito e laborioso Deputado, Vossa Excelência equivoca-se. Quem em postagens pretéritas ( com conhecimento de causa e habilidade ) afirmou que eram necessários apenas 3 meses para votar o orçamento estadual nao foi eu e sim o nobre causídico. Minha singela sugestão de devolução deu-se tão somente por acreditar que a proposta do signatário era factível e que esse rompante era definitivo.
      Quanto as mídias sociais, não esqueça do Navega Pará, plebeus tem acesso a ele.
      Para vê se acho alguma coisa, estou avaliando estudar arqueologia. Fazendo isso, talvez pare de lhe importunar.

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    3. Ínclito e laborioso comentarista,a proposta eu fiz, faço (já a fiz da tribuna da Alepa, o que me rendeu apupos por considere-la demagoga)e a sustento. E pode acreditar que ela é factível e o rompante é definitivo. Defendo que se reduza a três meses o período legislativo estadual e que se remunere o deputado pelos três meses.
      Daí a eu, ou qualquer um devolver remuneração ou receber três meses por um período legislativo de 10, há uma longa régua e isso eu não faço, não farei e nem sustento em rompante algum pois seria uma enorme cretinice de minha parte.
      Bem, se você está com um computador emprestado de alguém e acessando a internet pelo Navega Pará, você não é ainda um plebeu desventurado (plebeus desventurados não têm amigos que emprestem um computador a ele porque os amigos dele não têm computador), mas está bem perto disso.
      Se você estudar arqueologia vai continuar por aqui (não há importunice, pois se eu não quisesse interagir bastaria retirar os comentários ou postá-los sem sequer ler) pois o mercado de trabalho para geólogos no Brasil está escasso.

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    4. Francisco Márcio06/07/2013, 07:55

      Insigne Deputado, esclarecido "o nosso velho problema de interpretação", dou-me por satisfeito.
      Quanto aos plebeus, nós recebemos bolsas do Gov. Federal, somos assistidos pelos programas Minha Casa Minha Vida e recentemente Minha Casa Melhor, como somos muitos, "nois fas vaquinha e cumpra o computador".
      Já que o douto desaconselhou-me o estudo, vou continuar por aqui, com sorte eu acho uma ficha de filiação ao PMDB...

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    5. Se você já foi contemplado com um desses programas de transferência direta de renda, também não pode mais se classificar como um plebeu desventurado: já está venturado.
      Quanto a ficha do PMDB, somos um partido tecnológico: basta acessar o portal do partido e fazer a filiação. Você será muito bem recebido na matilha.

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    6. francisco Márcio06/07/2013, 12:38

      Continuo plebeu, ainda não tive essa sorte, só meus amigos foram contemplados...
      Quanto ao ingresso na matilha, por ora agradeço, continuo aqui trabalhando para os patrícios.
      A propósito, o patrício que já esta de (merecidas , pois é ardúo ser Deputado?!?)férias, ja começou o circuito Elizabeth?...

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    7. A profissão árdua é aquela que você exerce sem gostar. Por enquanto estou no circuito sudoeste do Pará. Pra semana é o circuito sul do Pará. O circuito EA só terá o ar da minha graça nas 2 últimas semanas de julho e isso se eu não resolver fazer o circuito Sul Africano, pois se resolverem desligar os aparelhos do Mandela nesse interim, eu irei ao velório de um dos últimos moicanos da geração de Arafat.

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    8. torça para ser na cidade do cabo o velório e se precisar de um acompanhante estou disposto a segurar a mala!!! bela cidade!! abraços

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  5. Célio Ramos06/07/2013, 13:29

    Gostei do debate deputado ! Bastante democrático , pobre plebeu desventurado. Vive das "bolsas-misérias " do PT.

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